sábado, 25 de dezembro de 2010

Até ao café há Egipto


1 comentário:

  1. Eis uma pequena colher de café postada pela nossa estimada Teresa, em partes separadas: em cima, num fundo densamente felpudo, o cabo de temática egipcizante, em baixo, num fundo suavemente felpudo e tricotado, a parte côncava. O todo forma uma colher que é um singelo exemplo daquele tipo de egiptomania popular que se divulgou desde finais do século XIX, alimentado pelas grandes descobertas arqueológicas no Egipto.

    O cabo desta colher de café mostra um rosto frontal emoldurado por duas plumas que fazem lembrar as plumas que surgem na coroa atef usadas por Osíris a ladear a alta coroa branca da realeza (e no caso de Osíris a realeza do Além). Aqui elas parecem mais grandes orelhas, numa descontraída e nada erudita interpretação iconográfica.

    Digo que é uma colher de café e não de perfume porque neste caso seria de madeira, de pedra ou de marfim e a temática do cabo seria outra. Na verdade as «colheres» egípcias para conter perfumes jogavam apelativamente com temas eróticos ou então irónicos - e quando se trata deste tipo de objectos convém manter aspada a palavra «colher» como recomenda uma grande estudiosa do erotismo do antigo Egipto e da mulher dessa civilização, Christiane Desroches-Noblecourt.

    Os cabos de tais «colheres» eram em forma de raparigas nuas em pose de natação que seguravam patos ou flores de lótus e de papiro (como hoje se pode ver em vários museus, nomeadamente entre nós o Museu da Farmácia) ou contavam temas divertidos (como hoje se pode admirar no Museu Calouste Gulbenkian numa «colher» de marfim que lá está).

    No dia 8 de Janeiro do ano que vem (e vem já aí...) estarão os escribas do blogue a ver esse belo objecto na visita marcada para o Museu Calouste Gulbenkian). Enquanto a visita não chega ele pode ser apreciado no catálogo respectivo (que esteve recentemente à venda a metade do seu preço na feira do livro que lá se realizou).

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