Pegando no “mote” dado pelo prof. Araújo, e objecto de uma das suas aulas no II curso livre de egiptologia, a que tive o privilégio de assistir, lembrei-me dos meus tempos de aluno de outros saberes, hoje não tão frescos na memoria como na época, em que o tema da etnografia das sociedades piscatórias foi tratado. Esta problemática fez-me pensar numa hipótese de estudo comparativo, entre as sociedades piscatórias portuguesas, já agora do Tejo, e o Nilo dos tempos faraónicos, sujeito obviamente o período às fontes disponíveis (a existirem?). No Tejo trata-se das comunidades que ocupavam as suas margens num espaço temporal que vai grosso modo dos anos 20 aos anos 60, e que foram objecto de estudo, diga-se pouco sistematizado, por alguns autores do neo-realismo, produzindo uma espécie de etno-romance, casos de Raul Brandão, Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes e outros, também do meio académico, (ex de Pina Cabral), esses já com responsabilidades de estudo cientifico. Lembro concretamente a micro sociedade dos Avieiros, que durante anos ocuparam alguns pontos das margens do “mar da palha”, e que, devido à sua estratégia de reprodução social, fechados, quase endogâmicos, tinham o “Tejo como mundo”. A caracterização desta sociedade está amplamente documentada, e seria fastidioso enumerá-la aqui, mas, ao pensar nela, fui imediatamente remetido para o Egipto faraónico, onde também o “mundo” tinha o tamanho das duas terras, e onde, sabemos bem, a actividade marítima era intensa, logo comunidades piscatórias deveriam existir, para quem o Nilo, se calhar, também era um mundo. O mais curioso de tudo isto é que este “mundo” dos anos 50 está a milhares de anos do outro.
Foto (montagem AL, fonte DVD II curso livre egiptologia Fac. Letras)
De facto, um estudo comparativo entre duas comunidades piscatórias separadas no tempo (com milhares de anos de diferença) e no espaço (são milhares de quilómetros de distância), deve ser um desafio aliciante.
ResponderEliminarPara uma familiarização descontraída e propedêutica com o mundo piscatório do Egipto faraónico aconselharia o nosso estimado antropólogo do grupo de escribas a leitura do artigo «Pesca», no Dicionário do Antigo Egipto, pp. 679-680, o qual remete para uma sumária bibliografia de apoio.
Obrigado professor, prometo que, para eliminar esta preguiceira aguda, eu próprio me auto-flagelarei com umas chibatadas, neste percurso difícil da procura das fontes..
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