Pois é, também havia “gangs” no antigo Egipto, só que estes são muito especiais, trata-se dos trabalhadores/artesãos, construtores dos túmulos, que habitavam a cidade de Deir-el-Medina, e que em egípcio antigo significava “lugar de verdade”. A palavra gang/grupo, remete para a forma peculiar de organização do trabalho, que curiosamente vem das actividades marítimas, ou seja, eles reproduziam em terra, a forma de organização de uma tripulação de remadores no Nilo. Uma equipa do lado direito e outra do esquerdo, e estas equipas assim formadas, cada uma com o seu chefe/capataz, trabalhavam em simultâneo, lado a lado dentro dos túmulos. Esta estratégia tinha várias vantagens, só para referir uma: em lugar de uma equipa liderada por um único elemento, tinham duas, cujos capatazes competiam entre si, e obviamente dessa competição resultava um produto final de excelência.
The men of the gang, in BIERBRIER, Morris, The Tomb-Builders of the pharaohs
Viva António, voltaste! E voltaste com um bonito post. Gostei muito e penso que poderíamos lucrar com estes exemplos...
ResponderEliminarQuando vi este título... tremi... pensei em Chicago e na lei seca, mas o meu amigo António Luis com um golpe de rins, tirou um texto da cartola (ou da coroa vermelha e branca) muito interessante ;-)
ResponderEliminarEis um bom texto do nosso amigo antropólogo que tem uma dupla vantagem: sintetiza em poucas palavras o essencial da organização dos grupos de trabalho em Deir el-Medina e faz-nos recordar o belo momento que foi estar nesse local histórico.
ResponderEliminarDepois de termos visitado os templos, espaços divinos onde viviam os deuses, foi bom estar num sítio onde há mais de 3000 anos viveram pessoas - e ali perto não deixámos de visitar alguns túmulos de artesãos que habitaram nesse local, o Lugar da Verdade (Set-Maet).