segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Antes da cartela, o Serekh

Os primeiros faraós apresentavam o seu Nome de Hórus, dentro de um Serekh, uma figura basicamente rectangular que representava a fachada do palácio real e que, no seu interior, continha o(s) hieróglifo(s) do seu nome, e era encimado por um falcão hórico.



Esta foto representa uma estela pertencente ao faraó Raneb da II dinastia, aproximadamente 2880 a.C., encontrando-se presente- mente no Metropolitan Museum of Art,
New York.



Só a partir da IV dinastia, foi introduzida a cartela, em que os nomes de "Filho de Ré" e o nome de "Rei do Alto e do Baixo Egipto", se encontram, cada um, rodeados por um vinheta elíptica.



3 comentários:

  1. Tomara eu ter estado no Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, cuja colecção egípcia só conheço através do seu catálogo, que é de resto um dos melhores catálogos de arte egípcia que até hoje se publicaram. O seu título é: The Scepter of Egypt. A background for the study of the Egyptian Antiquities in the Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, 1990 (dois volumes), que é uma das minhas obras preferidas no âmbito da Egiptologia.

    O seu autor foi o notável egiptólogo William Hayes, tendo sido editados os volumes I (desde a Pré-História ao final do Império Médio) e II (dos Hicsos ao final do Império Novo). Infelizmente ele faleceu antes de concluir o volume III (que seria o Terceiro Período Intermediário, a Época Baixa e a Época Greco-Romana), e a obra ficou por aqui.

    De facto a estela postada pelo nosso sunu mostra o serekh que contém o nome do Hórus Raneb (por vezes interpretado como Hórus Nebré), demonstrando que o culto do deus Ré de Heliópolis começou desde muito cedo a ascender, até que a partir da IV dinastia todos os prenomes dos reis conterão a forma Ré no final. As duas formas possíveis do nome deste Hórus da II dinastia permitem também outra informação: é que quando numa forma onomástica o nome do deus está no princípio é Ra (como por exemplo em Ramsés) e quando vai no final passa a Ré (Khafré, Menkauré, etc.).

    E finalmente chegou a altura de a Hermínia ir buscar o chicote e, se for preciso, pedir emprestadas à Teresa as botas altas pretas: é que o nosso sunu cometeu um lapso que nenhum escriba egípcio faria - referiu um aberrante título de «Filho do Alto e do Baixo Egipto» quando afinal se trata do bem conhecido título de «Rei do Alto e do Baixo Egipto» (nesu-bit).

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  2. Realmente... só à chibatada... e o Filho já passou a Rei...
    O que vale é que temos, por aqui, muito material fotográfico dos 2 magníficos museus para aplacar a "ira" do nosso maético Professor... ;-)

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  3. Valeu pela dica do que é um serekh! Parabéns pelo post.

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