quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Associação de ideias


A primeira vez que dei com Yul Brynner fazendo de Ramsés II foi num livrinho da extinta(?) disciplina de Moral e Religião, no Ciclo Preparatório. A foto, magnífica, pertencia às imagens do segundo dos «Os Dez Mandamentos» filmados por De Mille, e dava conta do faraó montando numa biga em perseguição aos cristãos, antes do Mar Vermelho se lhes abrir de par em par.

Muitos anos mais tarde soube da batalha de Kadesh, já sem Brynner e os cristãos mas com os hititas. Venho matutando numa dúvida: será Kadesh a Aljubarrota dos antigos egípcios? Ou seja, quem garante, para além dos respectivos cronistas, que aquela batalha se passou desta ou daquela maneira?

5 comentários:

  1. Bem visto, Paulo! Tanto quanto sei, parece que a batalha em Kadesh contra os Hititas, acabou com um "empate técnico", isto é com um acordo bilateral, embora Ramsés II, em Abu Symbel e em outros locais, se vangloriou de uma vitória tremenda...

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  2. S. Paulo, antes de ser Paulo, era Saulo, perseguidor de cristãos. E um dia, na estrada de Damasco, ouviu uma voz sonora mas dorida: «Saulo, Saulo, por que me persegues?» (Actos dos Apóstolos, 9, 4).

    Pois é, agora é a minha voz dorida que ecoa na Praça Afrânio Peixoto clamando pela perseguição que o Paulo faz à verdade histórica no seu texto evocativo de Brynner/Ramsés II em «Os Dez Mandamentos».

    Acontece que no tempo de Ramsés II não havia cristãos, eram (supostamente) os Hebreus, a tentar passar a vau o mar Vermelho, abertas que foram as águas do dito (já no conto egípcio do «Passeio Náutico» o sacerdote Djadjaemankh tinha aberto as águas do lago).

    Depois, envergando a luzidia armadura de D. Nuno Álvares Pereira, pergunta-nos o Paulo se Kadech terá sido a Aljubarrota dos Egípcios - não foi, porque a batalha contra os Hititas terminou empatada, ou melhor, sem resultados concludentes.

    Mas para o crasso erro cometido pelo Paulo tenho um castigo à moda egípcia: proponho que a Teresa pegue numa chibata e, mesmo sem botas altas pretas e traje a condizer, vergaste por dez vezes as costas do Paulo, uma vergastada por cada mandamento.

    E a sorte do Paulo é só terem sido dez os mandamentos dados a Moisés - louvado seja Iavé, porque podiam ser trinta...

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  3. Ainda me estava a rir a imaginar a Teresa, qual Liza Minelli (Cabaret) de negro a castigar a falta imperdoável do Paulo, quando o espírito sensato e maético da bonomia egípcia aflorou ao meu pensamento. E então lembrei-me de aconselhar ao Paulo a leitura de um texto a propósito da batalha de Kadech:

    Chama-se precisamente «A Batalha de Kadech», e foi publicado no livro A Guerra na Antiguidade, pp. 55-102. O pior é que o livro está esgotado, mas eu posso emprestar.

    Depois não resisti e fui ver melhor a magnífica imagem de Brynner, que faz um magnífico Ramsés II. Reparei que no cinturão o faraó tem uma inscrição, e aumentei a imagem para ler: e a verdade é que até nem está mal desenhado, pois lá consegue-se perceber bem um dos nomes de Ramsés II, que era Usermaetré-setepenré.

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  4. He, he, he, pois é, caro Professor, haver cristãos A.C. é obra, até que só depois de Jesus morto seriam mesmo cristãos, claro ... mas em vez das chibatadas prefiro ficar sem comer doces uma semana;-)

    Mas a minha dúvida, caros escribas Jorge e Professor, tinha que ver com o seguinte: se temos como seguro que os portugueses ganharam aos castelhanos nas proporções que os cronistas nos garantem terem ganho, quem sabe se daqui a 2.000 anos não virão dizer que afinal fora empate técnico e que tudo não passara de pura propaganda... Blasfemo?

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  5. Pois bem me tinha parecido que a indumentária era mais "à la" Cabaret (eu diria mais até Catwoman) do que propriamente do tempo dos excelsos egípcios, he, he.

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