quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Professor decifra?



Conforme pedido pelo Prof. Araújo, aqui estão os textos hieroglífico e hierático das páginas 25 e 35, respectivamente, do livro de minha infância «Vale dos Reis», de Otto Neubert, de que dei conta há dois posts.


Fotos: TMS

3 comentários:

  1. Ah, estava ansioso por esta ajuda do Paulo e da Teresa para me facultarem as imagens pedidas. A primeira é um texto em escrita hieroglífica, em seis linhas, que se lêem da direita para a esquerda, a segunda é um texto em escrita hierática.

    Na verdade o original é a versão hierática, que está num elegante cursivo, muito arranjado e alinhado, embora muitos dos signos não se identifiquem facilmente. É por isso que é costume passar os textos hieráticos para versões hieroglíficas para os tornar mais «legíveis».

    Ora vamos lá: trata-se de um texto conhecido por «O Passeio Náutico», redigido no Império Médio, e que consta no Papiro Westcar, que conta como o rei Seneferu estava entediado e decidiu organizar um passeio náutico com algumas meninas a remar (e ele a ver...).

    O texto, que não começa aqui no seu início, diz linha a linha:

    1)...(O rei Seneferu diz: «Percorri todas as dependências do palácio à procura de um)... divertimento e não encontrei nenhum.» Djadjaemankh respondeu-lhe:

    2) «Que a tua majestade se dirija ao lago do palácio. Equipa uma barca

    3) com todas as belas raparigas do teu palácio. O coração da tua majestade divertir-se-á

    4) ao vê-las remar para cima e para baixo.

    5) E enquanto tu contemplas as belas margens do teu lago,

    6) enquanto observas os campos, o teu coração ficará satisfeito.

    O resto da história pode ser lido em Mitos e Lendas do Antigo Egipto (do escriba redactor), páginas 167-168, embora a obra esteja esgotada.

    Resta dizer que Djadjaemankh era um sacerdote com muitos recursos mágicos e que resolveu o problema que dali resultou (porque depois as meninas param de remar)

    Note-se entretanto que os hieróglifos não são muito elegantes, o escriba moderno que os fez não era muito habilidoso - no antigo Egipto a coisa resolvia-se com umas chibatadas.

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  2. Proponho agora aos escribas do blogue, e a eventuais leitores entusiastas, um lúdico exercício comparativo: olhem para o texto hieroglífico em seis linhas horizontais e depois para o texto hierático, também em seis linhas horizontais, mais compactas.

    Ambos se lêem da direita para a esquerda, sendo de notar que os seres vivos (aves, serpente, homens, etc,) estão a olhar para a direita, indicando assim o início do texto e o ritmo da leitura.

    Agora, signo a signo, vão vendo cada hieróglifo e depois tentem encontrar o seu correspondente hierático. Por vezes não se detecta à primeira vista, mas certamente notarão que os signos hieráticos são uma forma mais cursiva, mais rápida e mais prática que os seus modelos hieroglíficos.

    Conclusão: a escrita hierática, aparecida cerca de 2800 a. C. (Época Arcaica), foi criada para redigir mais depressa e de forma mais ágil, sendo preferentemente usada sobre papiro e óstracos para documentos de uso corrente e também para textos literários.

    Leitura recomendada: o artigo «Hierático» no Dicionário do Antigo Egipto, p. 421.

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  3. Muito legal seu blog, eu sou apaixonada pelas lindas terras de KMT desde que tinha 11 anos, foi amor a primeira vista. Estou até fazendo um trabalho final de inglês sobre Deir el-Medina e hieroglifos. É muito bom ver sites em portugues porque a maioria é em inglês, é dificil achar gente que curta história em geral n0o Brasil e que goste de estuda-lá.

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